Ahhh essa realidade! Vivida por muitos com ardor, mas também encarada por muitos com rancor. Realidade essa, que demonstra sua face cruel e implacável, em meio a erros de nós humanos que destruimos o sentido de viver, a natureza, a arte, o amor, e ainda encontra na pureza das pessoas um motivo para se auto-promover.
Em momentos de brincadeiras, sonhos, cores e risos, nós descobrimos uma fórmula para sermos felizes, fórmula batizada pelo amigo Alex como tangenciar a realidade. Lá onde as cores são tão vivas e os risos são gostosos, os sonhos nos alimentam de vontade de viver, e tangenciar a realidade é du caralho! (estranho esse palavrão aí, né?) Mas é verdade, nos desviamos assim de pensamentos mesquinhos, de problemas rotineiros, de motivos banais para preocupações e vamos tangenciando o mundo, mas também tangendo, como se tange um boi ou uma mula pelo caminho mais prazeroso. “Ora essa Realidade! Seu caminho é por aqui!” como fez Caim quando partiu de casa, fugindo dos problemas e procurando um novo caminho, claro que Caim praticou a redenção em sua caminhada, mesmo curtindo as delícias do mundo no fim das contas, aqui nós praticamos a diversão e a ilusão.
Por isso, vou continuar metido nessa nova onda, tangenciando, tangendo, sorrindo e vivendo. Pois tangenciar é também viver a realidade como ela é, só que enxergando tudo por um prisma de mil cores.
Essa é uma ilustração de Caramurú para o Murici inspirada na nossa ida até lá. É uma ilustra tão massa que a minha ficou chochinha embaixo, hehehe, e olha eu ai de lado.
Buzinas. Assim começa mais um dia na cidade. Subindo o morro em direção ao trabalho, carros, motos, barulho, gente se apinhando, ninguém tem um minuto para olhar o mendigo que os observa. Cadê meu bom dia? Quem não se conhece não se cumprimenta! E assim segue o caminho para labutar. Só quando entro no trabalho encontro o primeiro sinal de civilidade da manhã, “Bom dia!”, “Bom dia a todos!”
Layouts, telefonemas, dinheiro, cobranças, aprova ou não aprova? Aprovou! Festa por 5 minutos, e mais layouts, fotos, desenhos, checa daqui, procura de lá, e essa fonte que não rola, criatividade minha gente!!! Vamos lá!!! Cigarros, conversa com a equipe, papos com o chefe, mais cigarros, café! Volta pra sala, café, café, café, água e... De novo layouts, equipe concentra, brainstorm, desenhos até o fim do dia e ufa, hoje é sexta – feira! À noite barzinho, cervejas, cigarros, meninas, paqueras, olhares, outra cerveja, por favor! Decepções, conquistas, cadê meu dinheiro? Ainda cabe mais uma cerveja no meu bolso! Volto em zig-zag e chego em casa! Sozinho, penso o que fazer no meu sábado. Cansado dessa rotina procuro um lugar pra espairecer, preciso de algum canto que faça um pouco de silêncio para ouvir minha voz e minha consciência, se não eu posso enlouquecer, então decido Murici, zona rural de Caruaru aqui vou eu!
Acordo tarde, nove da manhã e eu já deveria estar lá. Levanto tomo meu banho, acordo Caramuru e digo “Vamo nessa”. Demora um bocado ainda, mas agente sai, passa numa padaria e come alguma coisa e simbora pegar o busu, chegando lá pegamos um ônibus lotado e depois de uns 50 minutos chegamos finalmente no lugar. Paro pra pensar: “parece que o mundo teima em não ajudar...Pra onde carah?” “ vamos pra comunidade Hari” e começo a pensar que talvez não tenha sido uma boa idéia o dia só ameaça chover, mas seguimos, e no meio do caminho muita chuva. Paramos debaixo de uma árvore, e depois de se molhar muito decidimos que é melhor continuar mesmo neste tempo. Depois de vinte metros encontramos o lugar, sorte ou azar? Ensopado do jeito que estávamos, entramos na comunidade, chamamos muito e que estranho é uma comunidade que não tem gente... Esperamos estiar e partimos pra caminhar: “o que tem pra lá?”, “lama!”, “e depois?”, “mais lama”, “ tudo bem, vamos nessa!” e não é que era lama mesmo! Mesmo assim agente não desiste até encontrar uma pedra que se posso tocar um violão. E quando encontramos nos deparamos com um cenário maravilhoso. É o lugar certo!
Paramos para descansar, tocar um violão, olhar a vida e descobrir que somos tão pequenos em relação ao mundo e a natureza, que nossos problemas não representam nada na frente disto tudo. Somos parte de um grande organismo e que devemos valorizar cada momento aqui e nos alegrar pela oportunidade de viver e pensar!
Voltamos pelo caminho, já satisfeitos pelo momento, e encontramos um grupo de pessoas, um cara com uma jibóia morta diz “me ajuda a fazer um cinto?” “Não, muito obrigado!” prosseguimos e depois de andar bastante chegamos ao começo da caminhada. Olhando para o lado nos deparamos com uma visão estonteante, um pasto em um vale com uma vista maravilhosa! Entramos e observamos os mecanismos de adubagem das vacas! Descobrimos segredos que estavam escondidos por duendes entre os fenos e cacas. Saímos mais felizes ainda depois de uma neblina passar entre nós. Paramos pra comer e eu penso não poderia ser melhor! Mas seria sim, um senhor, com duas amigas nos oferece uma carona até o centro, e nós vamos!
Chegando em casa exaustos e já de noite, um telefonema: “Pedrinho querido, quer ganhar um trocado trabalhando com a gente no show de Pouca Vogal?” “Claro, Madá!”, mas isso é outra história!
A pena teima em não querer parar de pronunciar algumas palavras, acho que estava precisando desse espaço. Deve fazer parte do momento que estou vivendo, devido a alguns problemas pessoais que me fizeram pensar muito nas minhas atitudes e me fez descobrir muita ansiedade, impaciência e outros adjetivos que não gostei. Mas, entendi que preciso me conhecer melhor, e aprender a controlar meus sentimentos, esse blog é um reflexo disso, um caminho para o auto-conhecimento. Também estou praticando alguns exercicios de meditação, coisa que fazia a muitos anos atrás, e que tinha perdido o hábito. Exercícios estes que me acalmam, relaxam e provocam, o tão almejado por mim, auto-controle. Acredito que o momento é de ter calma, as coisas boas vêm com naturalidade e apressar o processo prejudica tudo. Gostaria de sempre ter estado assim, calmo e sereno. Amanhã irei ao Murici, uma região um pouco afastada daqui do centro de Caruaru, com muito verde e paz. E é isso, precisando e procurando paz no espirito cansado de problemas que no fundo são menores do que nós acreditamos ser.
Essa é minha primeira postagem nesse blog, por isso, acho que tenho que falar o objetivo de estar aqui né??? Primeiro uma inveja saudavél da minha amiga Flavinha que está no Canadá e fez um Blog muito legal que se chama "Contos de uma terráquea", saquem lá. Achei muito massa e me prometi fazer o mesmo a alguns meses e aqui estou. Segundo acho que é legal expor nossos pensamentos e sentimentos, não por achar que vai mudar o mundo nem nada, mas porque é uma forma de se entender. Quando agente escreve temos que organizar várias coisas dentro de nós mesmo, com isso vamos nos descobrindo em diversos aspectos. Terceiro que é uma companhia ótima, além de exercitar nossa escrita, coisa bastante importante principalmente no meu trabalho, o que vou explicar com o tempo. Bom acho que esses são os motivos principais do começo da minha vida on-line, ao menos nesse espaço.
Explicando o titulo do blog, Na Falta da Pena me refiro à falta de hábito da escrita convencional. È isso mesmo, é um trocadalho, hehehe. Vivemos num mundo onde as canetas, lápis e Penas estão cada vez mais caindo em desuso. Daí tive essa idéia. Bom, também me refiro as relações interpessoais que acontecem nos tempos de hoje, não encontramos com facilidade ombros amigos e momentos de sincera troca de experiências, não que seja meu caso, pois tenho muitos amigos que tenho a felicidade de compartilhar esses momentos, mas pra tentar causar alguma reflexão sobre o tema.
No mais, vou tentar manter esse meu espaço sempre atualizado com idéias, e reflexões de minha parte. E se não consigo escrever de forma impressionante, me perdoem, mas acredito naquela máxima que o que vale é a comunicação.
